quinta-feira, 24 de maio de 2012

[resenha] A Cidade do Sol - Khaled Hosseini



Sinopse: Mariam tem 33 anos. Sua mãe morreu quando ela tinha 15 anos e Jalil, o homem que deveria ser seu pai, a deu em casamento a Rashid, um sapateiro de 45 anos. Ela sempre soube que seu destino era servir seu marido e dar-lhe muitos filhos. Mas as pessoas não controlam seus destinos. Laila tem 14 anos. É filha de um professor que sempre lhe diz: "Você pode ser tudo o que quiser." Ela vai à escola todos os dias, é considerada uma das melhores alunas do colégio e sempre soube que seu destino era muito maior do que casar e ter filhos. Mas as pessoas não controlam seus destinos. Confrontadas pela história, o que parecia impossível acontece: Mariam e Laila se encontram, absolutamente sós. E a partir desse momento, embora a história continue a decidir os destinos, uma outra história começa a ser contada, aquela que ensina que todos nós fazemos parte do "todo humano", somos iguais na diferença, com nossos pensamentos, sentimentos e mistérios.




Escolher este livro, por si só, ja foi um desafio. Como eu sempre digo, sou uma leitora preconceituosa, e muito resistente as literaturas diferentes do circuito Ingles-Americano... Mas encarei o desafio e fui lá!
É importante dizer que o estilo literario de Khaled é completamente diferente de tudo que eu estou acostumada.

Marian é uma mulher sofrida. Foi iludida durante toda a vida, e acabou sendo entregue a Rashid, para casamento. Um homem insuportavel (pelos meus padrões)... Eu não gosto muito de dar detalhes sobre as historias pq acabo sempre soltando um spoiler.

A historia, na verdade, usa o romance mais como um pano de fundo para divulgar os horrores da guerra do que o contrario. Tudo o que acontece está relacionado com os conflitos e suas consequencias. 
Diferente de "O Diario de Anee Frank", a guerra aqui é muito mais detalhada. Enquanto que no outro apenas nos limitamos a encarar as consequencias do movimento de guerra para a familia de Anne, neste livro temos panoramas dos bombardeios, das mortes, das esperanças... 

Eu não consegui ainda definir se este estilo literario me agrada, pq ainda estou naquela fase pós-choque, onde a realidade praticamente bate na nossa cara! Quem não vive a realidade da guerra, só acompanha pelo Jornal Nacional, não tem dimensão do horror que ela é.


terça-feira, 22 de maio de 2012

[resenha] O Testamento - Eric Van Lustbader









Sinopse: Durante séculos, uma seita secreta fundada por seguidores de São Francisco de Assis - a Ordem dos Observantes Gnósticos - guardou um segredo que poderia transformar para sempre a história da humanidade. Mas agora a segurança desse legado está nas mãos de um homem e uma mulher que mal se conhecem.
Braverman Shaw nunca perdoou o pai, Dexter, por levar uma vida distante e enigmática. Mas ele não imaginava a gravidade dos segredos que Dexter escondia - até que, durante uma tentativa de reconciliação, o pai foi brutalmente assassinado.
Ainda atordoado pelos acontecimentos, Braverman descobre que seu pai era membro do alto escalão da Ordem dos Observantes Gnósticos, uma centenária organização secreta cuja missão era preservar documentos sagrados capazes de causar um verdadeiro caos no mundo se caíssem em mãos erradas.
Envolvido numa teia de mistério e perseguição, Braverman se vê diante de incompreensíveis pistas deixadas por seu pai para levá-lo ao esconderijo do Testamento de Cristo - um evangelho apócrifo e a Quinta-essência, a lendária substância que possibilitaria a vida eterna.
Em sua luta frenética para escapar da morte e, ao mesmo tempo, encontrar repostas para suas perguntas, Braverman é auxiliado pela jovem Jenny Logan, Guradiã da Ordem treinada para protegê-lo. Mas, pouco a pouco, ele percebe que não deve confiar em ninguém e que o perigo pode estar onde ele menos imagina.

Numa trama tensa, repleta de suspense e ação ininterrupta, Eric Van Lustbader conduz o leitor por uma vertiginosa viagem por grandes segredos da história, da política e da religião e pelos mais sombrios sentimentos humanos.










O primeiro ponto que chama a atenção no livro é saber que, apesar de ser um livro de ficção historica, ele foi baseado em alguns fatos reais. As fraternidades existem, algumas das batalhas realmente ocorreram... A partir desta informação, muita coisa no livro nos deixa com a pulga atras da orelha... Será que a Ordem é tão capaz assim de influenciar a historia como narrada no livro? Será que tem tantos "dedos" movendo as linhas que alteram nossa historia? É obvio que trata-se de um romance ficticio (ou não... vai saber se frei Leoni realmente.... deixa pra lá) mas que a historia tem esse poder de nos fazer pensar... ah! Isso tem! Vai ver, Teorias da Conspiração não são tão teorias assim...

Bem, passado este ponto, quero dizer que o Bravo é muito chato! O cara é o personagem central da historia, mas é tão insipido que chega a dar sono... O relacionamento dele com a Jenny é tão frio que chega a dar sono tbm... Em nenhum momento senti aquela profundidade dos sentimentos... aquela tensão sexual que faz agente perder o folego e correr para a proxima pagina.
Aliás, muitas vezes eu corri com a leitura, pulando paragrafos chatissimos que não fariam a menor falta a historia... O enredo carece de dialogos.
Passam-se páginas de pura descrição entre eles. Acho que qualquer livro de fatos historicos é assim... mas este, que está misturado com um romance, deveria saber contrabalancear melhor seus momentos.
Afinal, as vezes eu queria muito mais saber o que estava acontecendo na cabeça e no coração de Jenny, do que voltar no tempo, saber como a guerra tal começou ou como a Ordem afeta a historia...
Os personagens foram pouquissimo explorados... Donatela e o amante (que eu esqueci o nome) mereciam muito, muito mais destaque! A irmã do Bravo tbm! Até a Anacoreta, que entrou e saiu da historia sem dizer a que veio....

Por fim, o final (redundaaaannnnccciiiiaaaaa) não trouxe nada novo... As grandes revelações do final poderiam ser deduzidas por qualquer um com um pouquinho de massa cinzenta... Alias, acho que todo mundo sacou o "gran finale" muito antes do final...


sábado, 5 de maio de 2012

[resenha] O diario de Anne Frank





Sinopse: "12 de junho de 1942 - 1° de agosto de 1944. Ao longo deste período, a jovem Anne Frank escreveu em seu diário toda a tensão que a família Frank sofreu durante a Segunda Guerra Mundial. Ao fim de muitos dias de silêncio e medo aterrorizante, eles foram descobertos pelos nazistas e deportados para campos de concentração. Anne inicialmente seguiu para Auschwitz e mais tarde para Bergen-Belsen."








Um dos motivos que me levou a ler este livro foi um filme chamado "Escritores da Liberdade". No filme, uma professora de uma turma problemática, marcada pela intolerância pelas diferenças, numa realidade de guerras urbanas, usa o exemplo de Anne Frank para transformar as vidas de seus alunos.

Então eu pensei: "Será que esse livro tem esse poder todo?", peguei o livro, ajeitei o edredom e fui a luta (ops... a leitura)...

Outro motivo que me fez ler este livro, foi a imensa polemica que gira em torno da veracidade dos fatos. Há quem diga que Anne Frank nunca existiu. Há quem diga que uma menina de 13 anos jamais teria condições de escrever do jeito como o livro se apresenta... Eu acredito que seja real.
Eu penso que as meninas de 13 anos de hoje em dia, no Brasil, tem muito mais chances de escrever um funk famoso do que um diario complexo como o da Anne. Mas estamos falando de uma ALEMÃ,  da decada de 40, JUDIA...
Ou seja: tempo diferente, cultura diferente, país diferente... logico que é possivel....

Sobre o livro propriamente dito:

O primeiro de tudo, e talvez o mais importante deste livro é dizer que ele não é BASEADO em fatos reais. Ele NARRA fatos reais. Não é como se alguem tivesse pego o diario da Anne e transformado em uma bela historia literaria. Essas são as proprias palavras de uma menina cuja juventude foi severamente interrompida. Cada pensamento, cada sentimento, é exatamente o que ela estava sentido, então isso nos dá a real dimensão de tudo aquilo.

O livro não é sobre guerra, perseguição, violencia. É sobre sensibilidade, amadurecimento, autoconhecimento... Afinal a Anne que começa a escrever é muito diferente daquela das ultimas paginas, que compreende melhor os seus, que se alegra com as pequenas coisas...
Nada como um confinamento forçado para nos fazer compreender melhor aqueles que nos cercam...

No fim, acho que ler Anne Frank é uma experiencia pelo qual todos devem passar. Reclamamos tanto da vida, batemos o pé quando não conseguimos ir naquela festa, choramos quando não ganhamos o presente que queriamos... E o livro nos lembra que  tem tanta gente com muito menos e que tenta buscar a felicidade mesmo assim.

Não posso terminar essa resenha de outra forma, a não ser expondo o pensamento de uma colega:
"Anne Frank me faz ter vergonha de mim mesma aos 14 anos. Eu não só era tremendamente idiota como também era incapaz de colocar no papel meus pensamentos de forma tão clara e envolvente. Enfim. " - Tata

terça-feira, 1 de maio de 2012

[resenha] Não Me Abandone Jamais - KAZUO ISHIGURO



Sinopse: Kathy H. tem 31 anos e está prestes a encerrar sua carreira de "cuidadora". Enquanto isso, ela relembra o tempo que passou em Hailsham, um internato inglês que dá grande ênfase às atividades artísticas e conta, entre várias outras amenidades, com bosques, um lago povoado de marrecos, uma horta e gramados impecavelmente aparados.


No entanto esse internato idílico esconde uma terrível verdade: todos os "alunos" de Hailsham são clones, produzidos com a única finalidade de servir de peças de reposição. Assim que atingirem a idade adulta, e depois de cumprido um período como cuidadores, todos terão o mesmo destino - doar seus órgãos até "concluir".


Embora à primeira vista pareça pertencer ao terreno da ficção científica, o livro de Ishiguro lança mão desses "doadores", em tudo e por tudo idênticos a nós, para falar da existência. Pela voz ingênua e contida de Kathy, somos conduzidos até o terreno pantanoso da solidão e da desilusão onde, vez por outra, nos sentimos prestes a atolar.


Sabe aquele livro que você tem que se esforçar para continuar?
Então, este livro foi assim do inicio ao fim. Eu não vi o filme, mas a própria sinopse estragou o que deveria ser o climax da historia: (ISSO NÃO É SPOILER POIS ESTÁ NA CONTRA CAPA DO LIVRO, MAS...) o fato de que todos os alunos eram clones, e que a personagem central já estava com seu final certo.
O livro deveria ser tocante, emocionante, deveria ter me feito chorar em muitas passagens... Os personagens deveriam ser misteriosos,  carregados de suspense... mas não! Saber o que foi revelado logo de cara matou a emoção da jornada.
A narrativa dos fatos passou a ser chata... Fatos cotidianos, briguinhas bobas, coisas sem importancia.... O pouco que deveria ser emocionante não era por que eu já sabia o que eles eram!

Posso estar louca, mas me lembrei um bocado daquele filme A Ilha, que tem mais ou menos a mesma tematica, mas gostei imensamente mais do final do filme.


[resenha] Mar de Papoulas - Amitav Ghosh



Sinopse: Mar de papoulas é a obra mais importante de Amitav Ghosh. Finalista do Booker Prize, foi selecionado como um dos melhores livros do ano pelos jornais Washington Post, Economist e San Francisco Chronicle. 

É um romance épico, cujo pano de fundo são as guerras do ópio na China e no Extremo Oriente no século XIX. Ele narra a jornada do navio Ibis, uma embarcação inglesa que se envolve no perigoso comércio do ópio com a China, e sua inusitada tripulação, formada por oficiais ingleses, um americano mestiço, escravos libertos, fugitivos e condenados — cada qual com suas ambições e seus dramas pessoais. Ghosh descreve desde as dificuldades dos plantadores de papoula na Índia — com sua tradição e seus amores proibidos — até as lutas e os desejos dos inusitados tripulantes do Íbis.

Mar de Papoulas transporta o leitor a uma aventura histórica de grandes proporções, digna dos clássicos da literatura no século XIX. Primeiro livro de uma trilogia, é uma obra grandiosa, de personagens cativantes.



Texto complicado para ler, Mar de Papoulas acabou me surpreendendo no final das contas. É uma linguagem totalmente diferente para uma literaria tão "americanizada" quanto eu.
As partes descritivas em um certo ponto são cansativas, mas necesarias para dar uma visão geral de um cenario tão pouco conhecido... Uma cultura tão deiferente da que vivemos...
O cenario inusitado, os personagens tão diferentes entre si (há de se dizer que a Deeti, muitas vezes me lembrou a Laila de "Cidade do sol" - sabe Deus pq!!)...
Enfim,  não sou de me alongar muito, pois sempre acabo contando mais do que devia.
De Mar de Papoulas, posso dizer que comecei a ler pensando que era uma coisa (e só li por se tratar de um tema do DL, pois já havia lido a sinopse algumas vezes, sem nunca me interessar....) e no final tive a grata surpresa de ser surpreendida, coisa que vem acontecendo cada vez mais raramente comigo....

Aprovo e recomendo!